domingo, 22 de agosto de 2010

XEROGRAFIA:

Chester Carlson nasceu em um lar desafortunado. Graduou-se em Química e, pouco mais tarde, conquistou um diploma de Físico no Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Depois de uma breve passagem como engenheiro pesquisador da Bell Telephone Co., acabou ba Mallory de New York. A idéia ocorreu no escritório da P.R. Mallory and Company, empresa de produtos eletrônicos em cuja seção de patentes ele trabalhava em Nova York. Carlson notou que o número de cópias de especificações de patentes disponíveis em sua seção nunca era suficiente para atender à demanda. Havia sempre necessidade de mais cópias. E pior: não existia no mercado método rápido e seguro de se obter cópias em quantidade e com qualidade aceitável.

Obstinado, passou meses lendo todas as noites, na Biblioteca Pública de New York, tudo o que podia encontrar sobre processos de reprodução de imagens. Toda sua energia criadora se fixaria num capítulo que freqüentava somente as páginas teóricas dos manuais: a fotocondutividade. Na manhã do dia 22 de Outubro de 1938, numa saleta do segundo andar de um edifício do bairro de Astoria em New York, onde instalara seu improvisado laboratório, Carlson criou, o processo que mais tarde se tornaria célebre em todo o mundo, sob a marca Xerox.

Ele e seu assistente, o físico alemão Otto Kornei, cobriram uma placa de zinco com uma fina camada de enxofre. Em seguida, escreveram com tinta comum, sobre uma lâmina de vidro, os dizeres “10-22-38 ASTORIA”. Esfregaram com um lenço de algodão a placa metálica que se tornou carregada de eletricidade estática. Depois dessa operação, colocou a lâmina de vidro sobre a placa metálica e expôs o conjunto à luz de um refletor. Os raios de luz, conforme previa a teoria, drenaram toda a carga elétrica da chapa metálica deixando incólumes somente às regiões cobertas pela tinta dos dizeres, ou que serviu como uma máscara contra os efeitos dos raios luminosos. Retirada a lâmina de vidro, Carlson pulverizou a placa metálica com um pó conhecido como licopódio. Imediatamente, os dizeres “10-22-38 ASTORIA” se tornaram visíveis. E, para alegria dos dois pesquisadores, quando uma folha de papel foi pressionada contra a superfície metálica, a inscrição transferiu-se para ela.

Essa foi a primeira cópia xerográfica do mundo. Em 1947, a sorte de Carlson mudaria. Antes, porém, em 1942, já se podia colher sinais de que o jovem inventor não blefava. No dia 6 de Outubro daquele ano ele conseguiu a patente para seu invento, que recebeu o número 2297691. Passados dois anos, Carlson finalmente convenceu os diretores de uma organização de pesquisa sem fins lucrativos a selar com ele um contrato que lhe dava recursos para comercializar o invento. A duras penas, conseguiu 15.000 dólares e com eles manteve sua parte no bolo que então começava a crescer. Em 1947, o Batelle Institute celebrou um acordo com uma pequena empresa chamada Haloid que se dedicava a fabricar papel fotográfico. A Haloid conquistou o direito de desenvolver o que seriam as máquinas xerográficas. Seu estilo de vida e de trabalho e seus exemplos marcariam a pequena Haloid em sua trajetória rumo à gigantesca Xerox. O próprio nome Xerox nasceria na era Haloid. Batelle e seus novos sócios concordaram em que “eletrofotografia” tinha pouco apelo mercadológico e decidiram alterá-lo. Por sugestão de um professor de línguas clássicas da universidade de Ohio, mudou-se a denominação do invento de Carlson para xerografia, do grego xerox = seco e grafia = escrita. Tinha-se um nome, mas não um produto.

A Haloid inventou a palavra Xerox para as novas copiadoras e, em 1948, a palavra tornou-se marca registrada. Inspirada pelo sucesso modesto inicial de suas copiadoras, a Haloid mudou seu nome em 1958 para Haloid Xerox Inc. No final da década de 40, John H. Dessauer, chefe de pesquisas da Haloid, Chester Carlson e Joseph C. Wilson, presidente da companhia, fizeram uma exibição pública da Xeroxprinter. Tratava-se de um tosco aparelho xerográfico capaz de imprimir papel disposto em rolos dentro da máquina. O aparelho ganhou enorme publicidade, porém jamais foi comercializado. A primeira das máquinas xerográficas a ganhar as prateleiras veio à luz somente em 1949. Estava em gestação, nos laboratórios da empresa, o protótipo do que seria um dos produtos mais bem sucedidos da moderna era industrial: a Xerox 914, que o mundo veio a conhecer no outono de 1959. A designação 914, vem do fato dela ser capaz de copiar originais de até 9 por 14 polegadas. Foi um estrondoso sucesso e impulsionou os balanços da companhia para a órbita ocupada pelas grandes corporações dos Estados Unidos. Em 1959, a companhia obteve um lucro líquido de 2 milhões de dólares. A empresa tornou-se Xerox Corporation em 1961 após ampla aceitação da Xerox 914, a primeira copiadora automática para escritório que utilizava papel comum. Em 1962, esse valor atingiu 22,6 milhões de dólares. No ano seguinte, a copiadora 813 seria lançada e imediatamente transformada num sucesso de vendas. O mesmo se passaria com o modelo 2400, batizado assim em razão do número de cópias que podia reproduzir em uma hora. Em todas elas, o espírito de Chester Carlson esteve presente. Da inquietação de Carlson com tal estado de coisas surgiu a xerografia, o mais avançado processo de reprodução de imagens até hoje colocado à disposição do homem, que permite copiar a seco, em papel comum, qualquer original. Uma idéia singela que ganharia notoriedade mundial com o correr dos anos, mudando o dia-a-dia de milhões de pessoas. Uma idéia cujo formulador se tornaria um rico empresário e inventor de méritos reconhecidos universalmente e sobre cuja força se assentaria uma empresa dona de uma marca conhecida ao redor do planeta. Em 1975, a empresa lançou a famosa campanha “It’s a miracle”.

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